Por g1 PB


Wanicleide Leite, ginecologista paraibana — Foto: Arquivo Pessoal

A Paraíba registrou entre janeiro de 2020 e janeiro de 2022 um total de 12.830 gestações em crianças e adolescentes de 10 a 18 anos de idade. A informação é da Secretaria de Estado da Saúde do Governo da Paraíba (SES-PB) e ganha notoriedade em meio à Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, iniciada no dia 1º de fevereiro e encerrada nesta terça-feira (8). Em todo o Brasil, chega-se à casa das 400 mil gravidez por ano, número que é considerado alto por especialistas da área médica e que evidencia a necessidade de se promover educação sexual de criança e de adolescentes desde os primeiros anos de vida.

É o caso da ginecologista paraibana Wanicleide Leite, que fala da importância da criança ser apresentada ao seu próprio corpo desde cedo. Para ela, isso é fundamental para diminuir os casos de gravidez e também de abusos sexuais contra crianças e adolescentes. Ela destaca, inclusive, que o primeiro passo é acabar com os tabus dos pais em debater o assunto e, em paralelo a isso, preparar também os professores nas escolas.

"A importância disso é fazer com que a criança cresça preparada para conhecer o seu próprio corpo, se proteger dos abusos sexuais, entender que determinados toques não devem ser permitidos e assim manter a integridade de seu corpo, saber que determinados assuntos podem levar ela para um lugar que não é confortável", frisou.

Wanicleide pondera que o abuso não se constitui apenas no toque do adulto, mas tudo aquilo que pode levar crianças e adolescentes para situações de constrangimento. "A importância da educação sexual é exatamente permitir que a criança saiba se proteger, saber dizer não a certas questões", completa.

Ela pondera ainda que é a falta de uma educação sexual que priva os jovens de informação como ciclo menstrual, possibilidades de gravidez, métodos contraceptivos. E é justo aí que surgem os casos de gravidez precoce. "Quanto mais baixo o nível sócio-econômico da família, mais vulnerável estará a criança e o adolescente", atesta.

Para tornar a situação ainda mais grave, a gravidez em crianças e adolescentes provoca uma série de problemas adicionais. "São diversos prejuízos, em diversos aspectos da vida. Ela perde a chance de escolher sobre o seu futuro", lamenta ela.

A ginecologista explica também a importância de se quebrar os tabus. De, por exemplo, dar os nomes certos, desde muito cedo, aos órgãos sexuais masculinos e femininos. "Parece uma coisa simples, mas não é. A criança desde cedo precisa ter maturidade. A genitália tem um nome. E não se deve infantilizar esses nomes, porque vai ser só uma maneira de encobrir a genitália, de reforçar tabus", exemplifica.

Ela reforça ainda que são os pais os principais responsáveis por manter diálogos frequentes com as crianças. E, assim, ficar atentas aos sinais:

"Por exemplo, quando uma criança de cinco anos inicia uma conversa sobre sexo oral, os pais precisam perguntar onde eles escutaram aquele assunto. Porque, quando uma criança vem com esse assunto, foi um adulto que falou. Então quem é que está passando essas informações? Isso é muito importante, porque tem determinados assuntos que não fazem parte da faixa etária".

No fim das contas, ela diz que não existe uma idade certa para ter esse tipo de diálogo, mas adverte que os pais devem estar preparados para manter diálogo com as crianças sempre que as curiosidades forem surgindo.

Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!